Nenhum instrumento feito por mãos humanas será capaz de reproduzir o que nos caracteriza enquanto pessoas; não passará de um produto da cultura.
Prof. Dr. Gerson Joni Fischer
O que caracteriza uma pessoa é que ela é levada a agir por meio de motivações não completamente decifráveis. Não é possível compreendê-la por inteiro aplicando-se o método de aproximação de causa e efeito. Diferentes pessoas tomam direções opostas em situações que se apresentam idênticas. A mesma e única pessoa pode reagir a uma ofensa com um rompante raivoso ou com consideração e tolerância, sem que a isto se possa oferecer uma explicação razoável.
É falsa a promessa que hoje se espalha por todos os lugares, de que seja possível oferecer um instrumento de inteligência artificialmente programado para interagir com os humanos em um mesmo nível. Toda programação computacional, por mais informações que armazene e por mais opções de acesso e que disponibilize, jamais poderá reproduzir este fenômeno da inteligência humana, que se fundamenta em decisões e ações de caráter estritamente pessoal. Inteligência Artificial (IA) é um pleonasmo, aceitável somente até que se encontrem palavras mais apropriadas para nomear toda esta tecnologia de processamento de dados que nos vem sendo oferecida, com o fim de facilitar nossas tomadas de decisões e atividades.
O fato é que nenhum instrumento feito por mãos humanas será capaz de reproduzir o que nos caracteriza enquanto pessoas; não passará de um produto da cultura. Encontramo-nos fascinados e mesmo perplexos diante das ferramentas de alta performance que nos são apresentadas. Em um primeiro momento até é possível imaginar que do outro lado de um produtor e corretor de textos, por exemplo, esteja uma pessoa como eu. Mas não nos deixemos enganar, pois não passam de engenharias, ainda que altamente desenvolvidas. Não podem propor soluções inequívocas para cada situação que demanda uma resposta. As IA não funcionam com base em motivos pessoais.
Somente nós humanos podemos buscar explicações para o porque ora decidimos e agimos de um modo, ora de outro. Afinal, como é possível que a um mesmo tempo sejamos capazes de odiar as pessoas que mais amamos? Ou ainda, por que não fazemos o bem que desejamos, mas o mal que não queremos? O tema das IA e sua aproximação com o assunto do perdão dos pecados é aqui muito sugestivo e oportuno. Nenhuma programação poderá nos oferecer a paz de espírito que anelamos; nada artificial poderá tomar, em tempo algum, o lugar da experiência do perdão. Ele é o maior de todos os motivos que nos movem como pessoas, é o que mais nos aproxima do divino. O que leva uma pessoa a perdoar, quando a lógica seria retribuir uma ofensa ou exigir uma compensação? Aqui qualquer norma que se orienta pela lei de causa e efeito cai por terra.
Sim, pessoas e seus motivos, por mais corrompidas que estejam, afetadas por pecados que a todos nós aprisionam, são as que testemunham de Deus e de seu amor. Somos nós mesmos que nos apresentamos como aqueles que carecemos do perdão diário, ao passo que de nós se exige a oferecê-lo a outros. Está em nossa natureza demandar amor e amar. E é o evangelho do amor de Deus em Cristo, pasmemos, quer queiramos ou não, o que abriu as portas para uma vida onde o ser pessoa com seus diferentes motivos pode vir a ser experimentada de modo reconciliado. Nada mais necessário do que isto para esses tempos de tamanhas artificialidades, de tecnologias que podem facilitar nossa rotinas, mas que não são um remédio para todos os males.
Crianças são crianças
Crianças são crianças. E quando estão juntas, mais crianças se tornam em sua vivacidade e criatividade. Não foi diferente o que eu vi ao chegar ao “comedor” da Igreja Adventista na comunidade de Santa Cruz, na Venezuela, como já aludi anteriormente…
De Pôncio a Pilatos…
O dito acima pode referir-se a pessoas que vão de um ‘extremo ao outro’, no que diz respeito às suas convicções e atitudes. A história recente da igreja e da teologia contém alguns personagens com este tipo de trajetória. Menciono aqui apenas…
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