Sem dúvida assistiremos a um dos maiores eventos esportivos do nosso tempo, as Olimpíadas realizadas em Tokyo, no Japão. Ali estarão presentes os melhores atletas do mundo contemporâneo, homens e mulheres que dedicam toda a sua vida ao esporte, e apenas os melhores, estarão ali. Ao assistir à cerimônia de abertura dos Jogos, podemos imaginar que algo semelhante acontecerá nos céus, no dia em que uma incontável multidão – com pessoas de todas as nações, tribos, povos e línguas estarão de pé diante do trono do Senhor. Naquele dia, muitos estarão de pé para honra e outros, infelizmente, para desonra. Será que ali seremos encontrados como servos bons e fiéis? Será que desfilaremos na delegação dos que combateram o bom combate, completaram a carreira e guardaram a fé?

Há quase 2.000 anos atrás, os jogos Ístmicos eram periodicamente realizados na cidade grega de Corinto; estes tão importantes quanto os das cidades de Olímpia, Delfos, Argólida e muitas outras. Naquele tempo, ao escrever várias cartas para os cristãos, Paulo, o apóstolo, comparou várias vezes os cristãos com os atletas do seu tempo. Em sua passagem pelas cidades gregas, ele observou o árduo processo de preparação a que os atletas gregos eram submetidos, a dieta alimentar, a severidade com que disciplinavam o corpo e a obediência às regras necessárias para se atingir o padrão requerido para os jogos. Os atletas de hoje não são diferentes, mas e quanto a nós, cristãos?

Como atletas devemos – através da dependência do Espírito Santo, da disciplina, prática e perseverança, chegar ao estado em que a mente controla nosso corpo, e não sofrer as consequências de ser governado por ela cedendo às paixões, desejos e inclinações que nos levam para longe de Deus. Para isso, é preciso aprender a pensar como Jesus. Quando não o fazemos, nossas atitudes e reações diante da vida são diferentes das d’Ele, e é também por isso que muitos conquistam pouca credibilidade como cristãos perante a geração atual. Nossas atitudes não coincidem com o que muitas vezes pregamos! Precisamos constantemente parar e avaliar a nossa forma de pensar; como o próprio Paulo disse, “levar todos os nossos pensamentos cativos a Cristo Jesus”. Tendo isso em mente, precisamos nos alimentar com “A Verdade”. Diante disso, qual tem sido a nossa dieta alimentar? O que temos usado para nutrir nossas mentes e corações? É bem simples fazermos uma avaliação, basta analisarmos nossas atitudes, pois elas representam aquilo que cremos ser, de fato, verdade. Então a questão é: elas expressam o caráter de Deus ou não?

Um bom atleta também precisa se exercitar sistematicamente. Precisamos praticar a fé, o domínio próprio, a justiça e a piedade. Se um corredor treinar apenas esporadicamente, certamente ele não suportará a pressão de uma grande maratona!

Além disso, é necessário ter metas. Cada atleta Olímpico tem a sua – a medalha de ouro. Precisamos conhecer o nosso chamado, nossa vocação! É incrível o número de pessoas, jovens, adultos e idosos, que ainda não sabem por que estão nesse mundo, quais são suas áreas de atuação e quais os dons e talentos que elas receberam de Deus. Há pessoas que passam toda uma vida sem examinarem a si mesmas! Segundo H. F. Amiel, “para aquele que não sabe para que porto viaja, não há vento que lhe seja favorável”. Um atleta profissional sempre trabalha com metas específicas e treina arduamente para alcançá-las. A perseverança é uma marca imprescindível dos vencedores, para isso precisamos tomar a nossa cruz de cada dia. Ainda assim, em nossa caminhada nem sempre sentiremos a presença de Deus; nem sempre conseguiremos compreender os obstáculos à nossa frente; nem sempre a nossa “matemática” funcionará, mas é preciso ter perseverança, sempre!

Um atleta precisa conhecer bem os critérios dos juízes e obedecer a todas as regras. Devemos estudar seriamente a palavra de Deus e viver de acordo com os seus critérios. “A Bíblia precisa ser estudada com a mesma atitude e seriedade com que um atleta profissional se prepara para uma importante prova. Muitos erros doutrinários têm surgido da falta de perspectiva espiritual, ou de um ponto de vista limitado da verdade bíblica. A maioria das grandes verdades não está na superfície e, por isso, só podem ser trazidas à luz mediante trabalho paciente”, disse F. C. Thompson. Então, assim como no atletismo, concentração e disciplina são indispensáveis. Mas, por não entender este princípio, por não conhecerem a palavra da verdade, muitos perecem fora e dentro da igreja.

O uso de bons acessórios e equipamentos também é muito importante; ler bons livros, participar de boas conversas, ouvir boa música (a qual, diga-se de passagem, tem sido cada vez mais difícil de se encontrar) – além de, claro, ter um bom treinador assim como Eliseu andou com Elias, como os discípulos andaram com Jesus, além de tantos outros exemplos. Precisamos de alguém com quem possamos prestar contas, alguém que possa caminhar conosco, que possamos admirar e seguir de perto o exemplo. Infelizmente, não são muitos os bons treinadores; sem falar de muitos que acabam treinando sozinhos, sem serem mentoreados e submetidos à prestação de contas. Assim, é importante não nos esquecermos de que um bom treino é uma marca de quem vence.

No empenho de todo este processo, um atleta precisa de bons patrocinadores. Quanto a nós, nunca podemos nos esquecer de que sozinhos não podemos fazer nada; devemos orar, dar apoio, ajudarmos uns aos outros e, sempre, sempre depender do Espírito Santo de Deus. Ainda assim, no estádio da vida, muitos torcerão contra nós.

Há, porém, uma diferença entre a vida cristã e os jogos olímpicos: nos jogos, apenas quem chega em primeiro lugar recebe a medalha de ouro – mas, na corrida da fé proposta diante de nós, todos somos chamados para treinar, competir e ganhar a vitória que é a vida eterna. O desejo de Deus é que todos que ultrapassem a linha de chegada e compartilhem da honra e da vitória conquistada já conquistada por Aquele que já ganhou a corrida em primeiro lugar e de uma vez por todas: Jesus Cristo, o Filho do Deus vivo! Portanto, nosso dever é o de treinar severamente e correr para vencer. Você realmente quer cruzar a linha de chegada?

Diante deste grande desafio, que é ser um cristão verdadeiro, tenho para mim que a atitude mais sábia está na aplicação das palavras de Paulo às nossas vidas: “Irmãos, não penso que eu mesmo já o tenha alcançado, mas uma coisa faço: esquecendo-me das coisas que ficaram para trás e avançando para as que estão adiante, prossigo para o alvo, a fim de ganhar o prêmio do chamado celestial de Deus em Cristo Jesus”. Senhor, ajuda-nos, por Tua graça, a cruzarmos a linha de chegada!