Neste tipo de pensamento não há meio termo, ou algo é sagrado ou secular, as categorias são auto excludentes, é como se lutassem entre si pela supremacia.
Christian de Britto – professor da FATEV
Segundo o teólogo alemão Dietrich Bonhoeffer (1906-1945), a ideia grega de que a realidade é separada entre uma esfera espiritual e outra terrena influenciou o cristianismo de tal maneira que gerou o que ele chamou de ‘raciocínio em duas esferas’. Para ele, esta forma de pensar basicamente divide as coisas em duas categorias, uma sagrada, considerada superior, e outra profana.
Neste tipo de pensamento não há meio termo, ou algo é sagrado ou secular, as categorias são auto excludentes, é como se lutassem entre si pela supremacia. Por exemplo, durante toda a Idade Média observa-se uma tentativa de domínio das chamadas coisas espirituais sobre as mundanas, do reino da graça sobre o da natureza. Já na era moderna, ocorre o movimento contrário, com uma crescente valorização do mundano em detrimento do espiritual, explica Bonhoeffer.
Como consequência, este raciocínio em esferas constantemente induz os cristãos a um pensamento dicotômico, onde termos são considerados sempre em sua oposição, como: sagrado-profano, sobrenatural-natural, fé-razão, ciência-religião, oração-ação, teoria-prática, corpo-espírito. Esta divisão fictícia da realidade ficou conhecida na Idade Média como relação Graça-Natureza. Benjamim van Der Walt, um filósofo cristão sul africano, explica que toda a história do cristianismo pode ser compreendida por meio da forma em que a relação entre estas duas esferas se estabeleceu. Neste sentido temos as seguintes possibilidades: a) a Graça se opõe a Natureza; b) a Graça se iguala a Natureza; c) a Graça aperfeiçoa a Natureza; d) a Graça se coloca lado a lado com a Natureza; e) a Graça restaura a Natureza.
A ideia de que a Graça aperfeiçoa a Natureza foi amplamente difundida na Idade Média através do pensamento de Tomás de Aquino, mesmo havendo uma intenção de enfatizar a superioridade da Graça esta perspectiva manteve uma separação com a Natureza. De acordo com as Escrituras, a perspectiva correta é aquela em que a Graça restaura a natureza porque este é o verdadeiro significado da redenção, o sangue de Cristo foi derramado na cruz para que “por meio dele reconciliasse consigo todas as coisas tanto as que estão na terra quanto as que estão nos céus” (Cl 1:20). Ainda assim, novos convertidos, após descobrirem a verdadeira dimensão espiritual da realidade, podem facilmente cair na tentação de acreditar que coisas espirituais constituem uma dimensão diferente, que pode ser considerada superior, paralela, semelhante ou oposta à realidade terrena que já conhecem. Quando isso ocorre, eles desconsideram a necessidade de reinterpretar a realidade como um todo harmônico através da renovação do entendimento (Rm 12.1-2) e facilmente conformam-se com a crença de que a realidade é dividida entre dimensões espiritual e secular, adotando assim um padrão de raciocínio em duas esferas.

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